Eu Não Existo Até Você Me Curtir : Um Mergulho Nas Selfies E Nos Nudes

Resumo da minha dissertação realizada através do Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da Universidade de Brasília (UnB), entre 2019 e 2021.

Há vinte anos, em 2001, eu ganhei um computador pessoal quando contava 10 anos de idade e as possibilidades eram resumidas a jogos de CD-ROM e trabalhos escolares feitos no Word. Depois, em 2007, graças a um modem e uma conexão discada, comecei a explorar o ciberespaço e logo descobri os blogs fotográficos – fotologs e o Orkut, a primeira rede social popular no Brasil. Naquele momento, eu experimentava as selfies, antes mesmo de receberam esse nome. Já em 2012, na metade da minha graduação em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), encontrei um livro com obras de Cindy Sherman (que no caso era o livro Cindy Sherman:Retrospective, de 1997) e me interessei profundamente pelo autorretrato. Na sequência criei uma série de autorretratos nomeada Persona (2012), na qual construo minha identidade a partir de adereços de carnaval. Tal obra pode ser considerada um marco inicial da minha poética. Atualmente me interesso pela interseção entre autorrepresentação e ciberespaço, e desde 2016 venho produzindo a partir desse recorte. Destaco aqui quatro obras que são embriões dessa dissertação: Selfie Service (2016-2019), ALTERselfie (2016-2019), Nude (2017-2018) e Manda Nudes (2018- 2019).

Resumidamente, Selfie Service (2016-2019) é uma instalação com papéis e espelhos que carregam textos provocativos sobre a selfie. ALTERselfie (2017-2019) é uma série fotográfica, na qual coleto selfies de rapazes parecidos comigo e reordeno essas imagens, criando uma narrativa de homogeneidade. Nude (2017-2018) é uma série fotográfica na qual visto uma roupa elástica e reenceno diversas poses recorrentes das nudes encontradas na internet. E Manda Nudes (2018-2019) é uma performance na qual novamente visto uma roupa elástica, produzo nudes com uma câmera instantânea e distribuo ao público.

A partir dessa bagagem, me interesso em mergulhar nas questões da própria produção e aquelas que orbitam o entorno dela, como por exemplo as origens da selfie ou os tipos de nude. E para isso, investigo outras produções: artísticas e acadêmicas. 

Dentre os/as artistas estão : Cindy Sherman (1954 -), John Yuyi (1991 -) Tom Galle (1984 -) Moisés Sanabria (1990 -), Silvino Mendonça (1987 -), Amália Ulman (1989-), Aleta Valente (1986 -), Eduardo Montelli (1989 -), Penelope Umbrico (1957 -), Rafael Bqueer (1992 -), Robert Mapplethorpe (1946 – 1989) e Hudinilson Jr (1957 - 2013). Já dentre os/as pesquisadores/pesquisadoras estão: Joan Fontcuberta (1955 -), Paula Sibilia (1967 -), Annateresa Fabris (1947- ), Guy Debord (1931 - 1994), Susan Bright (1969 - ), Liz Rideal (1954 -), Pierre Levy (1956 -) e Byung Chul Han (1959 -). Além disso, também pesquiso entre youtubers, jornalistas e os mais diversos memes. Muitas vezes, também busquei respostas no próprio ciberespaço e suas conexões. Como, por exemplo a enquete que fiz com meus seguidores do Instagram, questionando a flexão de gênero mais usual para o termo nude. 

Acredito que essa pesquisa possa contribuir com muitos outros estudos. Afinal não faltam questionamentos sobre as autoimagens contemporâneas. O que são? Como surgiram? Qual origem dos termos? Quais os tipos? Quem as faz? Por que as faz? Para quem as faz? Quanto tempo duram? Que impactos causam? Ainda são relevantes? Todas essas questões merecem mergulhos. As respostas, eu não prometo. E talvez elas ainda nem existam. Mas, quem sabe, eu consiga propor novos olhares para que o/a leitor/a possa continuar a discussão e desdobrá-la em próximas pesquisas. Ou, também, que esse trabalho consiga disparar uma gama de imagens intrigantes para que o/a leitor/a talvez produza outras imagens, igualmente instigantes. E as atire no mundo. Ou melhor, e as compartilhe na internet. 

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Para ver na íntegra , acesse : https://repositorio.unb.br/handle/10482/42195 

 Xikão Xikão / Francisco L Costa